7.5.14

Alô e Adeus

Eu gosto de aeroportos. Digo isto porque é algo que você provavelmente nunca notou, nós sempre fomos breves em nossas despedidas. Algumas vezes já me peguei sentado em uma mesa observando as pessoas entrarem e saírem dos portões, enquanto tomo café. É um hábito que me ajuda bastante a passar o tempo, Carolina.

Já vi empresário de maleta e notebook, figuras solitárias e cheias de pressa. Pare eles, tempo é dinheiro, por isso mantém o celular no ouvido e o dedo no teclado enquanto esperam a chamada para o vôo. Essas pessoas desperdiçam o tempo com o que não é tão importante, Carolina.

Vi também a moça nova, seus dezoito anos, com malas grandes e pais chorosos a tiracolo. Está empolgada para morar em outra cidade: a idéia de independência bate a porta, mas não diz quem realmente é. Por enquanto o gosto ainda é do mais saboroso mel. Muitas vezes, pessoas esperam algo de seus sonhos, porém descobrem uma realidade diferente, já parou para pensar nisso, Carolina?

Observo agora a mãe de uma família de quatro crianças se dirigir ao portão de embarque. Não consigo descobrir o que fará quando chegar ao seu destino, mas ouço a promessa de pequenos presentes para cada um dos pimpolhos. O pai dribla um e outro para dar um abraço na esposa. Ela finalmente entrega a passagem e entra. As vezes penso se um dia chegaremos a formar uma família, Carolina.

As despedidas me tomam mais tempo, mas não esqueço das chegadas. São pequenas bolhas de alegria que estouram a cada passageiro que aparece. Abraços apertados, choros e gritinhos chegam aos meus ouvidos. São tantas perguntas feitas que o viajante não consegue se concentrar em apenas uma. Todos querem levar a mala, ficam espiando a procura de algum presente. Prometo que separo para a sua volta aquele doce de coco que você tanto gosta, pode ser Carolina? 

Volto para o carro, mas ainda consigo ver o avião levantando vôo e seguindo seu rumo, levando um mar de preocupações, sonhos e saudades. Queria eu que ele também levasse a saudade que sinto de ti, Carolina.

Epílogo: Você deve estar se perguntando por que escrevi uma carta e não um e-mail. Pode chamar de saudosismo, eu tenho gosto pela letra escrita pelo próprio punho. Não espero que me escreva do mesmo jeito, mas faça do jeito que achar melhor.


Ass. P. 


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Divulgação/Facebook

 Blog | Facebook | Twitter | Flickr"Lisy Muncinelli é estudante de Jornalismo, trabalha como web-redatora e, apesar das correrias da semana, sempre encontra um tempinho para pedir colinho de mãe"