É hoje! Ao acordar, penso na volta de Carolina. Na minha amada e doce namorada. Pego o anel de noivado que está em cima da escrivaninha e coloco no bolso. Ela com certeza gostará da surpresa.
É hoje! Decidi há uma semana que preciso viajar, tirar minha mente do Pedro. Não é fácil se separar de alguém que trilhou parte do seu caminho. Venho perdendo batalhas diárias no propósito de superá-lo. Passo de carro na frente do novo apartamento dele, mesmo com a minha mente me acusando de traição. As fotos dele estão por todo lado, ainda durmo com a camiseta que ele me deu… Só pode ser masoquismo.
Chego ao aeroporto, o taxista me ajuda a descer as malas. Estou atrasada, corro pra pegar a fila do check in. No meio do caminho, esbarro em alguém e minha bolsa cai no chão, esparramando o conteúdo: óculos, maquiagem, documentos…
Carolina não desembarcou. Esperei ansiosamente para que ela surgisse em meio àqueles que retornavam aos seus amados. Mas não consegui ver nenhuma mecha loira que pertencesse a ela. Não estava na lista de passageiros. Ela poderia ter perdido o vôo, é comum para alguém tão distraída. Apesar disso, fica difícil me conformar.
Recebo uma mensagem, é dela. Me diz que nunca voltará, que encontrou um lugar e um novo amor. Assim, rápido e cortante. Fico imóvel, incapaz de mover um músculo sequer. Somente os olhos piscam, tentam se livrar das lágrimas apressadas. O estojo no bolso parece pesar uma tonelada.
Uma hora depois ainda estou no mesmo lugar. Já não há mais choro, apenas o vazio. Sei da necessidade de continuar a vida e é isso que, finalmente, me leva a sair deste estado de inércia. Estou passando pelas portas.
Alguém esbarra em mim. Uma mulher com cabelos pretos presos e um óculos escuro.
- Perdão, moça, não a vi.
- Eu percebi - diz a moça, recolhendo seus pertences. Ajudo com algo, minha mente longe dali.
Seu passaporte está aberto, a uns poucos metros. Me levanto e vou pegá-lo. Vejo seu nome.
- Seu nome…
- Algum problema com o nome "Carolina"?
- Não, nenhum - respondo, hipnotizado.
- Ok, obrigada, adeus.
Sina, destino, alguns crentes podem até dizer que são os astros. Vejo a linda moça partir, mas um calor bom passou pelo meu peito rapidamente. Adeus, Carolina!
____________________________________
|
Divulgação/Facebook |
"Lisy Muncinelli é estudante de Jornalismo, trabalha como web-redatora e, apesar das correrias da semana, sempre encontra um tempinho para pedir colinho de mãe"